Crise dos ônibus no Rio: nova paralisação expõe problemas entre empresas e prefeitura; entenda
17/09/2025
(Foto: Reprodução) Funcionários de duas empresas de ônibus encerram paralisação
A terceira paralisação de funcionários de empresas de ônibus em 20 dias expõe novos capítulos da crise entre as empresas dos coletivos e a Prefeitura do Rio.
Nesta terça-feira (16) pela manhã, a interrupção de 24 linhas e deixou filas nos terminais e pontos de ônibus. À tarde, após um acordo, os funcionários voltaram a trabalhar aos poucos – ainda houve reclamação na volta para casa.
Foi a segunda paralisação em menos de uma semana. Na quarta-feira passada, rodoviários de outras empresas já tinham interrompido mais de 20 linhas. No fim de agosto, trabalhadores da Vila Isabel também pararam pelo mesmo motivo.
Empresas x prefeitura
O Rio Ônibus, sindicato que representa as viações, afirma que as empresas enfrentam grave crise financeira e responsabiliza a prefeitura.
“Não reclamamos por reclamar. Levamos dados técnicos e muitas vezes ficamos sem respostas”, disse Paulo Valente, diretor de Comunicação da entidade.
Segundo o sindicato, a crise se agravou porque a prefeitura reduziu os subsídios nos primeiros meses do ano — valores que só foram corrigidos após decisão judicial — e também pelo reajuste operacional de linhas iniciado em julho.
Ar-condicionado no centro da briga
A Secretaria Municipal de Transportes afirma que a redução operacional foi, em média, de 5%, mas que o subsídio subiu 37% em junho e afirma que o descontrole financeiro tem outro motivo: o acordo sobre a refrigeração dos ônibus, que as empresas têm deixado de cumprir.
Desde julho, metade da frota passou a ter fiscalização sobre o ar-condicionado, que passaram a ter o funcionamento monitorado por sensores. Os ônibus que circulam sem climatização têm descontos no repasse da prefeitura.
Em um mês da nova fiscalização, os consórcios deixaram de receber R$ 14 milhões.
Segundo a pasta, o corte de repasses está em contrato.
“É uma obrigação manter o ar-condicionado ligado. Agora, conseguimos fiscalizar eletronicamente e só pagamos pelo ônibus climatizado. As empresas já estavam avisadas”, explicou a secretária Maína Celidônio.
A Rio Ônibus diz que os números de veículos com ar-condicionado divulgado pela prefeitura está muito abaixo do que o esperado pelo sindicato, e questiona o funcionamento do sistema de monitoramento, que todo é contratado pela prefeitura.
"Parte da frota pode não estar funcionando, só que o corte vai muito além daquilo que era a média do sistema até então", explica Valente.
A paralisação desta terça-feira
Cerca de 1,3 mil motoristas, mecânicos e funcionários administrativos das viações Vila Isabel e Real cruzaram os braços nesta terça pela manhã. Eles denunciaram atrasos nos pagamentos de salários, férias e vale-alimentação.
“Temos que chegar a esse ponto de prejudicar a população. Mas a gente também não tem direito a férias, não dá mais”, disse o rodoviário César Ângelo da Silva.
À tarde, após negociação e pagamento, a situação começou a ser normalizada.
Foi a segunda paralisação em menos de uma semana. Na quarta-feira passada, 400 rodoviários de outras empresas já tinham interrompido mais de 20 linhas. No fim de agosto, trabalhadores da Vila Isabel também pararam pelo mesmo motivo.
Enquanto empresas e prefeitura trocam acusações, quem mais sofre é o usuário.
“É horrível. A gente não sabe que caminho pegar, os ônibus estão paralisados. Fica todo mundo perdido”, resumiu a estudante Samira Lisboa.